sexta-feira, 17 outubro, 2025

Gilberto Gil pede R$ 370 mil de padre acusado de intolerância religiosa contra Preta Gil

Padre de Areial é acusado de intolerância religiosa: ‘por que orixás não ressucitaram Preta Gil?’ – Foto: Redes Sociais. Gustavo Demétrio

O processo por danos morais movido pelo cantor Gilberto Gil e família contra o padre Danilo César, da Paróquia da cidade de Areial, na Paraíba, denunciado por intolerância religiosa, cobra uma indenização de R$ 370 mil, de acordo com o documento protocolado na Justiça do Rio de Janeiro, que o Jornal da Paraíba teve acesso.

De acordo com o documento, os advogados da família de Preta Gil argumentam que a fixação desse valor é baseada na interpretação de que a conduta do padre foi grave e se configura em diversos crimes, como: intolerância religiosa, racismo religioso, injúria e ultraje religioso.

Também foi argumentado que as falas do padre Danilo César são de “alta reprovabilidade” e “referendados pela Diocese de Campina Grande”, que é a responsável pela paróquia a qual o padre é vinculado.

O Jornal da Paraíba entrou em contato com a Diocese de Campina Grande, que informou não ter sido notificada oficialmente do processo e, por isso, não vai comentar o caso por enquanto, mas o setor jurídico “está resolvendo”.

Os advogados citam ainda nos autos que houve uma oportunidade de retratação oferecida pela família de Preta Gil, de forma extrajudicial, antes da entrada com a ação na Justiça, que não foi atendida pelo padre.

O documento também afirma que no depoimento prestado para a Polícia Civil sobre as falas durante a homilia, o padre confirmou o cunho das declarações, quando disse que “estava professando a própria fé”. Tudo isso, no entendimento dos advogados, pegou a família em um momento delicado, de luto pela morte da artista.

Esse valor cobrado judicialmente seria repartido entre os autores da ação, que são: Gilberto Gil, Francisco Gil (filho de Preta Gil), Flora Gil, e também outros irmãos da cantora.

Advogados falam de onda de comentários preconceituosos após fala do padre sobre Preta Gil

Também na ação, os representantes de Gilberto Gil e da família de Preta Gil destacaram que após a fala do padre ser inicialmente veiculada pelo Youtube da Paróquia de Areial e, posteriormente compartilhada por meio da internet, inclusive por sites noticiosos, isso gerou uma “onda de racismo religioso e intolerância religiosa” nos comentários dessas publicações.

“A maioria desses comentários afirma que o padre estaria correto; que Jesus Cristo seria o único salvador possível e somente ele poderia curar; que o réu só disse “a verdade”; que a sua fala seria ‘sensata e corajosa’; que os artistas estariam ‘cheios de mimimi’; entre outros”, diz trecho da ação.

Os advogados alegam também que constitucionalmente é garantido à população o direito de professar quaisquer fé e religião, o que teria sido desacatado pelo padre em sua fala. 

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) vai julgar a procedência das alegações dos representantes da família Gil contra o padre Danilo César.

Investigação na Paraíba


				
					Gilberto Gil pede R$ 370 mil de padre acusado de intolerância religiosa contra Preta Gil
Quem é o padre investigado por intolerância religiosa em fala contra Preta Gil – Foto: Foto: Reprodução/Diocese de Campina Grande/Studio Foto Braga. Gustavo Demétrio

Na Paraíba, existem ao menos três investigações sendo feitas pela Polícia Civil, acerca das acusações de intolerância religiosa por parte do padre. De acordo com o delegado Danilo Orengo, chefe da delegacia responsável pelas investigações, a previsão é de que o inquérito seja finalizado até a próxima semana.

Quando ouvido pela Polícia Civil, o padre Danilo César negou as acusações. O padre alegou estar proferindo a fé católica e a própria crença para os fiéis, e que além de não ter a intenção de desrespeitar outras religiões e nem atacá-las, não queria desrespeitar a memória de Preta Gil.

‘Cadê esses Orixás que não ressuscitaram Preta Gil?’

O padre paraibano Danilo César de Sousa Bezerra, de 31 anos, está sendo investigado por intolerância religiosa após usar a morte da cantora Preta Gil para debochar de religiões de matriz afro-indígena durante uma missa em Areial, no Agreste da Paraíba. Três boletins de ocorrência foram registrados contra ele, e a Polícia Civil apura o caso.

Durante uma missa realizada na cidade de Areial no domingo (27), o padre Danilo César fazia uma homilia no chamado 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica.

Nessa homilia, o padre falava sobre pedidos que os fiéis faziam para Deus e que, por ventura, não eram atendidos. Nesse contexto, o padre cita a morte da cantora Preta Gil, nos Estados Unidos, vítima de um câncer colorretal, associando a fé dela em religiões de matriz afro-indígenas a morte e sofrimento.

Citação

Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?, disse durante a missa.

A missa foi transmitida ao vivo pelo YouTube da paróquia de São José, em Areial. O vídeo foi retirado do ar após a grande repercussão nas redes sociais. O Jornal da Paraíba teve acesso a uma cópia desse material (veja acima).

As declarações com cunho de intolerância religiosa também aconteceram em relação aos fiéis para qual o padre estava presidindo a missa. Ele chegou a se referir a religiões de matriz afro-indígenas como “coisas ocultas” e que desejava “que o diabo levasse” quem procurar essa prática.

Citação

E tem católico que pede essas coisas ocultas, eu só queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte quando acordar lá, acordar com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer. Tem gente que não vai aqui (Areial), mas vai em Puxinanã, em Pocinhos, mas eu fico sabendo. Não deixe essa vida não pra você ver o que acontece. A conta que a besta fera cobra é bem baratinha, disse.


Fonte: jornaldaparaiba.com.br | Publicado em 2025-10-14 16:40:00

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