sábado, 11 outubro, 2025

perguntas e respostas sobre a doença

Câncer de mama: perguntas e respostas sobre a doença. Imagem: Agência Brasil

Mais de 73 mil brasileiras podem ser acometidas pelo câncer de mama em 2025, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Em alusão ao Outubro Rosa, campanha dedicada à conscientização que estimula ações de prevenção e detecção precoce da doença, a médica ginecologista Wanicleide Leite, colunista do Bom Dia Paraíba, responde perguntas frequentes sobre a doença e esclarece o que toda mulher deve saber.

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A seguir, confira respostas diretas e acessíveis sobre mamografia, rastreamento, sinais de alerta, tratamento e apoio familiar.

Perguntas e respostas sobre câncer de mama

1 – A mamografia é suficiente para detectar o câncer de mama ou tenho que fazer outros exames?

A mamografia é suficiente, sim. Outros exames complementares só fazem em outras condições, depois que já tem rastreado com a mamografia. A mamografia, ela é o padrão ouro para a proteção do câncer de mama precoce, que é o que a gente espera.

2 – A partir de que idade a mulher deve começar a fazer mamografia?

Com essa nova determinação do Ministério da Saúde, é a partir dos 40 anos. No sistema privado, também indicamos a partir dos 40 anos, porque é onde percebemos a necessidade desse rastreio, por conta das alterações hormonais que iniciam-se aos 40 anos.

3 – Com que frequência a mamografia deve ser repetida?

A partir dos 40 anos, ela deve fazer a primeira mamografia e repetir a cada dois anos. Porém, se a mulher apresenta alto risco, se tem fatores de risco, então essa mamografia é feita anualmente.

4 – O autoexame das mamas ainda é recomendado?

Sim, até por uma questão de educação para adolescentes. Apesar de o autoexame da mama não rastrear o câncer, pois o rastreador é a mamografia, o autoexame funciona como autocuidado. Se a mulher for educada a tocar suas mamas sempre no período pós-menstrual, ela pode perceber alguma alteração. Se for menor de 40 anos e apresentar algo no autoexame, pode-se indicar ultrassom; se estiver acima de 40, até mamografia.

5 – Quais são os sinais e sintomas que devem acender um alerta?

O câncer de mama é assintomático. Não há dor ou algo que avise para a mulher que ela esteja com câncer de mama, exceto em casos avançados, quando se palpa o nódulo fixo, que muitas vezes pode ser percebido por exame clínico ou pela própria mulher. Mas, de modo geral, não há sintoma claro. O sinal de alerta é quando a mamografia informa algo suspeito, aí se avalia a necessidade de punção (biópsia).

6 – Mulheres com casos de câncer de mama na família precisam começar o rastreamento mais cedo?

Sim, porque casos de câncer de mama na família (mãe, irmã, tia) podem indicar fator genético (BRCA1 e BRCA2). Nesses casos, a mulher é classificada como de alto risco e precisa fazer rastreamento anual a partir dos 40 anos, especialmente se o parentesco for de primeiro grau.

7 – Quais hábitos aumentam o risco de câncer de mama (alimentação, álcool, hormônios, sedentarismo)?

O estilo de vida é um dos grandes fatores de risco. Inclui álcool, sedentarismo, pílula anticoncepcional (especialmente de alta dose, que hoje é pouco usada), alimentação que leva à obesidade e própria obesidade. O álcool é um fator de risco forte, pois pode reduzir a imunidade, alterar o sono, entre outros efeitos. Quando falamos em alcoolismo, nos referimos ao uso crônico — hábito de beber grandes quantidades com frequência alta. Se for uso ocasional, mesmo que elevado em alguns momentos, pode aumentar o risco.

8 – O uso de anticoncepcional ou reposição hormonal pode aumentar esse risco?

Na literatura, não se aponta que reposição hormonal seja fator de risco. Depende da forma, da via e se são hormônios sintéticos. Hormônios bioidênticos, especialmente na via transdérmica, não são fator de risco. As pílulas anticoncepcionais de baixa dose, especialmente à base de progestágeno, não têm risco comentado, exceto para mulheres com mutação comprovada BRCA 1 ou 2, estas não devem usar nenhum hormônio (nem progestágeno nem estradiol) nem fazer reposição hormonal.

9 – Gravidez e amamentação influenciam na prevenção?

Sim. Tem muitos trabalhos na literatura dizendo que as mulheres que amamentam, elas de fato diminuem a incidência do câncer de mama. Diferente das mulheres que nunca engravidaram, que nunca amamentaram. De fato, isso é real.

10 – Quando um nódulo é motivo de preocupação?

Sempre que tem o achado de um nódulo, a gente precisa observar observar como ele é visto na mamografia e no ultrassom. Na mamografia, o nódulo é preocupante quando há microcalcificações, isso indica punção biópsia ou até recomendação de retirada. No ultrassom, o nódulo pode não ter calcificação, mas apresentar bordas irregulares; o ultrassonografista avalia e pode indicar a punção.

11 – Se o resultado da mamografia é BI-RADS 3, o que significa na prática?

Significa que existe um nódulo ou imagem, mas que não tem características de malignidade. Quando a mamografia mostra nódulo sugestivo de malignidade, o BI-RADS é 4, não 3. O BI-RADS 3 indica lesão provavelmente benigna. O que se faz? Acompanhamento com ultrassom em seis meses e mamografia anual.

12 – Quais os tratamentos mais comuns hoje para câncer de mama?

Depende da localização, da idade, do estadiamento da doença. Após a biópsia e exames imuno­histoquímicos, define-se o tratamento. Pode ser removida apenas a área da lesão (cirurgia conservadora). Em outros casos, é necessário retirar a mama e os linfonodos axilares. Também se decide sobre quimioterapia e radioterapia, antes ou depois da cirurgia, conforme características do tumor.

13 – Toda mulher com câncer de mama precisa retirar a mama?

Não. Há tratamento em que se retira apenas o quadrante lesionado. Em outros casos, pode-se fazer quimioterapia ou radioterapia primeiro e depois pensar em retirada menor. A mastectomia total é menos usada hoje, pois o diagnóstico precoce permite intervenções menos amplas.

14 – O que a mulher pode fazer para reduzir o risco de o câncer voltar?

Mudar o estilo de vida radicalmente: na forma de pensar, nas emoções, nos relacionamentos. Muitas mulheres decidem “virar a chave” e resolver que vão viver de forma diferente. Elas reduzem o estresse, emagrecem, começam atividade física, buscam bem-estar. Tudo vai depender da decisão dela, mas é possível.

15 – Quais cuidados com alimentação e atividade física ajudam durante e depois do tratamento?

A atividade física deve ser leve a moderada, supervisionada, compatível com a condição da paciente. Indica-se fisioterapia e exercícios de baixo impacto. Quanto à alimentação, deve ser mais rica em proteína e menos calórica — isso melhora imunidade e ajuda na perda de peso, se necessário. Essa dieta deve ser acompanhada por nutricionista, considerando fases de quimioterapia, radioterapia e pós-operatório.

16 – Qual é o papel do parceiro(a) ou amigos próximos para ajudar na adesão ao tratamento e na recuperação?

Um papel extremamente importante de colaboração, sem invadir. Às vezes a mulher quer viver esse momento sozinha, e isso precisa ser respeitado. É preciso dizer: ‘estamos aqui’. Mas a ajuda não pode ser invasiva. Algumas pessoas acham que apoiar é apenas estar por perto; a linha entre apoio e constrangimento é tênue. Eu tive uma amiga que, no primeiro ano após o diagnóstico, não queria ninguém perto. É preciso reconhecer que a doença é individual.

17 – Grupos de apoio e associações de pacientes realmente fazem diferença? Como a paciente pode encontrá-los?

Faz toda diferença. A paciente pode buscar por conta própria. Na Paraíba, temos a Rede Feminina de Combate ao Câncer, o Instituto Nemed (Mãos que Apoiam) e a Jampa no Peito (roda de conversa). Essas organizações reúnem voluntários, médicos, mastologistas, enfermeiros e pessoas que oferecem escuta, apoio emocional e orientação.

18 – O acompanhamento psicológico é importante só para a paciente ou também para a família?

Importante para ambos, mas talvez mais para a família. A paciente está focada no tratamento; a família vive apreensão e incertezas. O apoio psicológico ajuda a lidar com emoções, expectativas e a dinâmica familiar.

19 – Quais atitudes dos familiares mais ajudam — e quais podem atrapalhar — no enfrentamento da doença?

Ajudam: saber ouvir, respeitar o espaço, empatia, apoiar decisões, demonstrar afeto sem cobrança. Não ajudam: superproteção, cobranças (“você tem que…”). Pressionar gera angústia e estresse. Apoiá-la, estimular e colaborar é útil; pressioná-la, não. A família também precisa entrar nesse processo de mudança, pois não é só a paciente que enfrenta a doença.


Fonte: jornaldaparaiba.com.br | Publicado em 2025-10-09 02:56:00

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